[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sábado, 19 de novembro de 2016

[1548.] DETENÇÃO, DEGREDO E DEPORTAÇÃO NO IMPÉRIO COLONIAL PORTUGUÊS (XIX-XX): HISTÓRIA E MEMÓRIA [II]

* I COLÓQUIO INTERNACIONAL *

|| IHC - FCSH/NOVA || Museu de Angra do Heroísmo (Açores) || 23 a 25 de Novembro de 2016 ||

* ERNESTO CARNEIRO FRANCO * 
[1886-1965]

Outro familiar que conheceu o degredo nos Açores, de onde fugiu para França na sequência das Revoltas da Madeira e dos Açores em 1931.

Republicano, carbonário e antifascista, Carneiro Franco foi, toda a vida, um lutador empenhado, persistente e leal durante quase seis décadas de intervenção cívica e política, com elevados custos familiares, profissionais e económicos.

Activista republicano enquanto estudante de Direito da Universidade de Coimbra, evidenciou-se no Centro Democrático Académico e na Greve Académica de 1907 e coordenou, como carbonário, o movimento revolucionário despoletado na margem sul em 3 de Outubro de 1910, estando presente na varanda da Câmara Municipal de Lisboa aquando da proclamação da República.

Foi um dos Constituintes de 1911, eleito pelo Círculo da Guarda, já que era natural de Figueira de Castelo Rodrigo.

Em 1917, integrou, como observador, o contingente militar português em França, vivência que o marcou muito.

A partir do 28 de Maio de 1926, empenhar-se-á durante quatro décadas no derrube da Ditadura Militar e da Ditadura do Estado Novo.

A sua fotografia, datada de 12 de Julho de 1926, consta do Livro N.º 3 dos Presos Políticos [N.º 1637, Cadastrado 10853].

Em 1927 e 1928, esteve associado às primeiras revoltas contra a Ditadura, tendo sido encontrado na sua posse um projecto de Constituição caso os revoltosos triunfassem.

Degredado para os Açores no ano seguinte, fez parte da Junta Revolucionária de Ponta Delgada aquando da revolta de Abril de 1931 e, devido ao insucesso, fugiu para França e instalou-se em Madrid, onde conspirou com o Grupo dos Budas, onde pontificavam os amigos Jaime de Morais, Jaime Cortesão e Alberto Moura Pinto.

Regressou a Portugal em 1932, mantendo as actividades conspirativas e funcionando como ligação aos republicanos portugueses e espanhóis durante a Guerra Civil de Espanha.

Em 10 de Abril de 1947, participou na tentativa da Junta de Libertação Nacional, chefiada por Mendes Cabeçadas, de derrubar a Ditadura.

Detido na Penitenciária de Lisboa, foi enviado para Caxias e, por fim, para o Aljube, tendo como advogado José Magalhães Godinho que, em 2 de Dezembro de 1947, apresentou um requerimento de Habeas Corpus" ao Supremo Tribunal de Justiça.

Libertado ao fim de treze meses, já depois de concluída a pena a que fora condenado, partiu, em 1949, para o Brasil.

No Rio de Janeiro, continuou a sua militância antifascista com muitos dos exilados políticos que lá se encontravam, incluindo o general Humberto Delgado.

O Golpe Militar de 1964, no Brasil, e a degradação da sua situação económica, para além das saudades da família, levou-o a regressar a Portugal ao fim de mais de dezasseis anos de exílio.

No entanto, morreu à entrada da barra do Tejo, em Junho de 1965, com 78 anos de idade.

Fotografia de Ernesto Carneiro Franco datada de Abril de 1930, quando se encontrava nos Açores [Espólio Particular].


[João Esteves]

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