[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

[1519.] AS MULHERES E AS GUERRAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO [V] || DIOGO FERREIRA

* CONFERÊNCIA INTERNACIONAL *


[Museu Bernardino Machado || Vila Nova de Famalicão]

|| 28 DE SETEMBRO || 17H30 || FCSH/UNL ||

|| A intervenção cívica da subcomissão de Setúbal da Cruzada das Mulheres Portuguesas (1916-1919): Diogo Ferreira (IHC-FCSH/NOVA) || 


CONFERENCISTA: Diogo Ferreira (IHC-FCSH/NOVA)

Diogo Ferreira é licenciado  em  História  pela  Faculdade  de Ciências Sociais  e  Humanas  da Universidade  Nova  de Lisboa em  2013  e  Mestre  em  História Contemporânea pelo mesmo estabelecimento de ensino superior em Novembro de 2015. Dissertação Setúbal  e  a  Primeira Guerra Mundial  (1914-1918),  sob  a  orientação científica  da  Prof.ª  Dr.ª  Maria Fernanda  Rollo. Publicado,  em  colaboração  com  Hélder Ramos, o artigo “O General Humberto Delgado – Da ascensão política à morte: a visão democrática de uma comunidade portuguesa nos E.U.A. em contraste com uma afecta ao regime na imprensa nacional” na revista Telheiras: Cadernos Culturais em  2014.  Em 2015, na mesma revista, está o artigo “O jornal A Restauração (1918): Os monárquico-integralistas de Setúbal”. Comunicações em alguns congressos em torno da história local de Setúbal e outros artigos no prelo. Colaborador no portal http://www.portugal1914.org e n’O Setubalense com a crónica semanal «Setúbal na História».

RESUMO: «A intervenção cívica da subcomissão de Setúbal da Cruzada das Mulheres Portuguesas (1916 – 1919)

Apenas recentemente é que a historiografia portuguesa tem procurado focar a sua atenção no papel e na vivência das mulheres em contexto de conflitos bélicos. No caso da Grande Guerra, a Cruzada das Mulheres Portuguesas, organização fundada pelas mãos de Elzira Dantas Machado logo após a entrada oficial de Portugal na beligerância, tem tido contributos relevantes de investigadoras como Isabel Lousada, Natividade Monteiro ou Maria Lúcia Brito de Moura. Ainda assim, por ocasião da realização da minha dissertação de mestrado, compreendi que não existiam referências ou análises do papel da subcomissão de Setúbal da Cruzada das Mulheres Portuguesas na literatura histórica local ou na historiografia nacional. Neste sentido esta comunicação surge com o intuito de resgatar o passado e a memória desta subcomissão no quadro de um enquadramento histórico complexo e particular da comunidade setubalense. Terá como principais objectivos:

1 - clarificar os motivos para a criação de uma subcomissão em Setúbal; 2 – definir a estrutura orgânica do núcleo e as respectivas ligações político-partidárias; 3 - avaliar o número de sócias e a sua intervenção cívica entre a fundação, em Junho de 1916, e o seu encerramento em 1919; 4 – compreender o apoio dado pela Câmara Municipal de Setúbal;  5 - apreciar a concretização da angariação de fundos junto da comunidade (e.g. «Festa da Flor»).

Simultaneamente um aspecto fundamental será a análise do papel,na opinião pública setubalense através da imprensa (A Voz da Mocidade)realizado por Ana de Castro Osório que, para além de ter um papel de destaque na estrutura nacional da Cruzada das Mulheres Portuguesas, possuía uma íntima relação com a cidade de Setúbal em virtude de ter casado com o setubalense Francisco Paulino de Oliveira e ter tido ali dois filhos.Não obstante, existe a necessidade de contextualizar o surgimento deste núcleo local que suplante os interesses definidos pela divulgação da Cruzada das Mulheres Portugueses que sugeria a criação de subcomissões nacionais. Na verdade, os meses de Março e Abril de 1916, em Setúbal, foram marcados por intensos momentos de conflituosidade social em virtude do pico que se viveu no clima em torno do debate intervencionismo versus anti-intervencionismo. Várias foram as prisões efectuadas perante a divulgação de propaganda ilegal que desencorajava a participação militar num meio operário profundamente ferido pela constante deterioração das suas condições de vida. Foi neste âmbito que o general Norton de Matos, ministro da Guerra, informou que no R.I. 11 era“absolutamente necessário fazer propaganda em sentido contrário para destruir no espírito dos soldados o pernicioso efeito dos panfletos distribuídos.”. Por fim, a metodologia adoptada para esta investigação conjugou a utilização de fontes primárias inéditas, nomeadamente ofícios do fundo da C.M. de Setúbal e o Relatório da gerência no ano de 1917 desta subcomissão, e a utilização de imprensa local que promoveu a acção da delegação.

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