[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

[1330.] MARIA BENEDITA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE FARIA PINHO [I]

* MARIA BENEDITA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE PINHO *
[05/04/1865 - 12/01/1939]

Escritora, tradutora, feminista e republicana.

Filha de Maria do Amparo Raposo Mouzinho de Albuquerque [16/01/1843 – 03/04/1883] e de Diogo de Faria e Vasconcelos de Pinho Soares de Albergaria [08/11/1840 – 20/04/1901], Maria Benedita Mouzinho de Albuquerque Faria Pinho nasceu em 5 de Abril de 1865 [e não em 1864 como erroneamente é referido no Dicionário no Feminino (Livros Horizonte, 2005)], em Figueiró dos Vinhos, e faleceu em 12 de Janeiro de 1939, em Lisboa.

Casou, em 1 de Julho de 1882, quando tinha 17 anos, com o general Joaquim Lúcio Lobo [20/04/1851 – 24/03/1953], de quem se divorciou em 17 de Maio de 1911. 

Maria Benedita Mouzinho de Albuquerque Pinho foi uma defensora convicta dos ideais republicanos, disso dando conta na sua correspondência com Bernardino Machado e que se encontra depositada no Fundo Bernardino Machado da Fundação Mário Soares.

Integrou a primeira direção da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, tendo secretariado a importante assembleia geral de 27 de Fevereiro de 1909, aquela que marcou a fundação oficial da agremiação, e fez parte da comissão dirigente e proprietária da revista A Mulher e a Criança [1909-1911], tendo-se demitido posteriormente, em Julho de 1910, juntamente com Ana de Castro Osório, por não concordar que a publicação ficasse dependente dos corpos gerentes da Liga, perdendo autonomia.

Defensora da Lei do Divórcio, auxiliou a campanha a seu favor encetada antes da implantação da República e dinamizada por Ana de Castro Osório, constando o seu nome entre os apoiantes publicados no jornal O Mundo [“Jornal da Mulher - Em favor do divórcio”, O Mundo, 14/07/1909].

Amiga e correlegionária da professora Cristina Torres dos Santos [1891-1975]. Quando eclodiu a revolução, evidenciou-se, em 6 de Outubro de 1910, na grande manifestação nocturna de apoio à implantação da República realizada na Figueira da Foz e empunhou a bandeira da Liga [“A República na Província – Na Figueira da Foz”, O Mundo, 09/10/1910]. 

Em 1914, Benedita Mouzinho de Albuquerque constituiu, com Ana Augusta de Castilho, Ana de Castro Osório e Antónia Bermudes, a Comissão Feminina “Pela Pátria” [“A Questão Atual – As mulheres e a guerra”, A Semeadora, nº 1, 15/07/1915] e publicou, em 1915, a pequena coletânea de contos As andorinhas de forma a angariar dinheiro para essa iniciativa. 

Colaborou na imprensa de Leiria, traduziu, para a revista A Mulher e a Criança, o folhetim Les Deux Vies de Paul e Victor Margueritte, centrado na questão do divórcio, e escreveu diversos romances na década de dez. 

Trabalhou como tradutora para o jornal O Mundo, tendo solicitado, por mais de uma vez, a intervenção de Bernardino Machado para que a recomendasse junto de Artur Leitão e de França Borges. Também traduziu romances, nomeadamente de Tolstoi, e assinou textos evocativos de Fausta Pinto da Gama, falecida em 1910 [“Fausta”, A Mulher e a Criança, nº 13, Junho, 1910], e de Mariana Osório de Castro, desaparecida em 1917 [A Semeadora, nº 30, 30/12/1917].

Morou na Rua João de Barros, 8, 3.º Esq, junto a Santo Amaro, e na Travessa de Santa Quitéria, 31, 2.º, em Lisboa, cidade onde faleceu.

[João Esteves]

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